segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A MENINA QUE ODIAVA LIVROS

Pai Educador, Educador Pai


Em um bonito texto, o poeta Ferreira Goulart observou que o homem, diferente dos bichos, é muito mais do que sua realidade biológica. É também sua realidade cultural. E esta realidade não é parida, é inventada ao longo de cada vida e em cada sociedade. Em outra reflexão nos ensina o filósofo renascentista Giovanni Pico della Mirandola que na natureza somos o mais incompletos dos seres, nascemos faltando um pedaço que nunca damos conta de completar. Porém nascemos com a capacidade única de aprender e criar. Assim seguimos nos inventando sendo capazes do mais divino e do mais diabólico. Ironicamente somos muito mais do que os animais por sermos mais incompletos que eles.
Dessa nossa incompletude nasce o papel do educador. Primeiro, de nós mesmos, em nossa própria construção rumo a alguma maturidade. Depois dos próximos e dentre estes, certamente e acima de todos, de nossos filhos. É dos pais o dever maior de criar seus filhos no sentido amplo, muito além do biológico ou do sustento. O mero pai biológico é pai pela metade porque não educa seu filho. Amor paterno constata-se na prática e em grande medida traduz-se na educação e ensinamentos dados aos filhos. O pai educador é pai próximo, é quem primeiro e de maneira mais marcante ajuda na construção da realidade afetiva, cultural e ética do filho. Educação que se dá principalmente pelo olho, muito mais do que pelo discurso. Se uma imagem diz mais que mil palavras, o exemplo diz mais que milhões delas. Não há virtude sem prática da virtude. A pedagogia do “faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço” é das mais frágeis no processo de formação do caráter de um educando.
Ser educador, de seu filho ou do filho de outros, crescidos ou não, é ajudar a lapidar o bruto diamante humano. Se todo pai que não é educador é pai insuficiente, todo educador, quanto melhor educador for, mais se aproxima da figura que um bom pai deveria exercer. E nesse incrível ato de educar, uma fonte inesgotável de luz: não se lapida sem lapidar-se a si mesmo. A alegria de ensinar e de aprender é das grandes alegrias cotidianas da vida. Nosso trabalho, via de regra, mais nos motiva quando ensinamos ou aprendemos. Assim constata-se o trabalho e alegrias intermináveis de ser educador e de ser pai educador. O trabalho de educar transborda em significado, ainda que seja por vezes dos mais árduos. Esse trabalho nos torna mais virtuosos e nos alimenta o espírito com nenhum outro. Os resultados de um educador são de longuíssimo prazo, pois assim é a nossa construção. Leva literalmente uma vida. Mas depois, a transcende. Como pais e educadores, buscamos o melhor dos filhos e educandos, e assim buscamos inevitavelmente o melhor de nós. A responsabilidade dessa busca é a maior que podemos ter, pois toca o futuro, toca os filhos dos filhos dos nossos filhos. É nesse futuro longínquo onde se fundem todas as famílias que se constrói a humanidade que será. Da mesma forma, olhando para trás percebemos viver em nosso presente o futuro construído por nossos antepassados, e assim nos sentimos compelidos a honrar as virtudes deles aprendidas. Queiramos ou não, estamos apoiados em seus ombros, e deles, seremos sempre suas crianças, seus filhos, seus educandos. A sinfonia inacabada da educação e da construção humana é a grande paixão que se renova, a cada filho, a cada educando. Nessa luta estamos todos de mãos dadas, não há elo perdido. Humanidade que foi, humanidade que é, humanidade que será. Durante nossa vida, nos inventamos, individual e coletivamente, rumo aos céus ou ao inferno. Encontramos nosso significado na tentativa de sermos como indivíduos e coletividade, algo melhor do que já fomos. Que a luta siga sempre altiva rumo ao legado de um pai educador e de um educador pai: a cada filho, um ser humano melhor. Que assim caminhe a humanidade!
(Clipping 21.10.2011 - Gazeta do Povo, 14/10/2011 - Curitiba PR - O trabalho de educar transborda em significado, ainda que seja por vezes dos mais árduos. Esse trabalho nos torna mais virtuosos e nos alimenta o espírito com nenhum outro Lucas Guimarães)

Governo Desiste de Ampliar Ano Letivo, diz Secretária de Educação Básica

A secretária de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Maria do Pilar Lacerda, disse nesta quinta-feira(20/10), nas páginas pessoais dela no Twitter e no Facebook, que o governo desistiu da ideia de ampliar os dias letivos das escolas de educação básica. A proposta havia sido anunciada pelo ministro Fernando Haddad em setembro, como forma de ampliar o tempo de permanência dos alunos na escola. O MEC não confirma oficialmente a decisão, mas, segundo Pilar, o ministro reuniu-se com entidades que representam professores, estudantes, gestores e universidades e o consenso é que os atuais 200 dias letivos sejam mantidos. A ampliação deverá se dar pela ampliação da jornada diária. “O Legislativo receberá a proposta consensuada nessa reunião e assumida pelo MEC”, disse Pilar, sem definir qual seria o mínimo de horas-aula. Atualmente, o ano letivo tem 200 dias, com carga horária de 800 horas. O aumento de quatro para cinco horas diárias, por exemplo, ampliaria a carga horária para mil horas. Em alguns países da Europa, Ásia e até mesmo da América Latina, a jornada chega a 1,2 mil horas anuais, como no México, ou 1,1 mil horas, como na Argentina.
(Clipping 21.10.2011 - Correio Braziliense, 20/10/2011 - Brasília DF - Agência Brasil)