terça-feira, 5 de abril de 2011

Fenaj Pede Votação da PEC que Restabelece Diploma de Jornalista



Dirigentes da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) pediram nesta quinta-feira ao presidente da Câmara, Marco Maia, que inclua na pauta do Plenário a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 386/09, do deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que restabelece a exigência de diploma de curso superior de Jornalismo para o exercício da profissão de jornalista. Essa exigência, que estava prevista em lei, foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal. Marco Maia afirmou que pretende marcar um período para votação de propostas de emenda à Constituição que não provoquem despesas públicas e tenham mais chance de obter acordo de lideranças. Ele pediu aos jornalistas que articulem com os líderes a inclusão dessa proposta.


(Clipping 29.03.2011- Correio Braziliense, 24/03/2011 - Brasília DF

A Autoridade do Professor


Estimado leitor, hoje vamos conhecer um pouco do pensamento de Hannah Arent, cientista política e filosofa alemã, que é considerada uma das importantes intelectuais do século XX, com forte influência na Europa e principalmente nos Estados Unidos, onde viveu até o final de sua vida, vindo a falecer em 1975. Ainda jovem, morando na Alemanha, pertencente à família judia, foi duramente perseguida pelos nazistas, tendo que emigrar para a França e posteriormente para os Estados Unidos. As questões educacionais também foram pauta nas produções e reflexões de Hannah Arent, particularmente no que se refere à autoridade do professor em sala de aula e nas discussões sociais sobre violência e racismo. A escola teria então a função de ensinar aos estudantes como o mundo é, sendo o professor a autoridade na sala de aula, para fazer essa mediação, sem que se torne um autoritário. O papel da escola seria o de apresentar ao aluno o mundo e estimular que ele seja crítico e reflexivo ao ponto de propor mudanças nas situações que estão colocadas como referências. Também  defendia que a escola, principalmente a do Ensino Fundamental, deveria ser desvinculada de questões políticas, para ela esse era um foco de discussão dos adultos. Com isso tecia críticas à educação moderna que tratava com os estudantes assuntos e temas de caráter político. Partindo dessa perspectiva, essa pensadora se colocava com forte defensora da autoridade do professor em sala de aula, onde a escola deveria ser um local de preparo e instrumentalização de saberes e conhecimentos. Outro aspecto importante no pensamento de Arent é a perspectiva de que a família deve ter uma obrigação vital no que se refere à formação da criança, sob pena de que deixe para a instituição escolar o papel de educar os filhos que colocou no mundo. A escola, neste sentido, passa a ter a função de auxiliar no desenvolvimento das potencialidades do educando, de maneira que desperte suas habilidades e concepções acerca do mundo e viver em sociedade. O entendimento de que os pais devem ser os principais responsáveis pelo processo de formação dos filhos aparece fortemente nas reflexões dessa pensadora quando trata da educação. Chamando a atenção para os perigos da ausência de reflexão e criticidade, que podem conduzir a um estado de alienação da realidade na qual encontra inserida. Outra preocupação presente nas reflexões sobre a educação consiste no abandono das tradições, defendida por Hannah Arent como um fio umbilical que possibilita estabelecer relações entre o passado e o presente. Dessa forma, a educação não pode ficar restrita à prática pedagógica escolar, mas deveria ser tratada numa amplitude que englobasse também a presença constante da família juntamente com o professor na condução do processo de ensino e aprendizagem dos alunos. Pode-se dizer que Hannah Arent defendia uma posição tradicionalista, ou seja, ao trabalhar com a formação educacional, faz parte dessa atividade a importante tarefe de abrigar e proteger o educando, para que o mesmo possa ter as condições de entender o mundo como um lugar de todos e para todos.

(Clipping 29.03.2011 - Gazeta de Cuiabá, 25/03/2011 - Cuiabá MT -Elias Januário)

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O Retorno Social da Educação


O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o IPEA, realizou mais um importante estudo. Os resultados mostram que, entre os investimentos na área social, os que apresentam maior taxa de retorno para a economia são os destinados à educação. Novidade? Não, apenas ratificação daquilo que os estudiosos da educação vêm dizendo há muitos anos. Mas é importante que um órgão com a responsabilidade do IPEA confirme essa assertiva. A pesquisa denominada "Gastos com política social: alavanca para o crescimento com distribuição de renda", que utilizou dados de 2006, ao comparar diferentes tipos de gasto social, concluiu que os recursos destinados à educação são os que mais contribuem para o crescimento do país, levando em conta a quantidade de pessoas envolvidas nesse setor e os efeitos da educação sobre setores-chave da economia.

E eu acrescento, sobre o desenvolvimento das pessoas beneficiadas pela educação, que adquirem não só o passaporte para uma vida-cidadã, mas as condições para ascender social e financeiramente, porque pela educação recebem também a chave para abrir as portas do mercado de trabalho, oferecendo-lhes as oportunidades de serem úteis, produtivas e as condições para suprirem as suas necessidades básicas e de sua família. Sem falar na amplitude de horizontes que a educação proporciona. Mas, para isto, teremos que investir numa educação com o selo da qualidade, sem o que não estaremos investindo e, sim, gastando recursos que não garantem o retorno esperado. O estudo do IPEA, que levou em consideração valores destinados ao setor educacional, pela União, Estados e Municípios mostra que, cada R$1,00 aplicado em educação pública gera R$1,85 para o Produto Interno Bruto. O mesmo valor investido na área da saúde gera R$1,70. Hoje, o Brasil aplica, aproximadamente, 5% do PIB em Educação. O Plano Nacional de Educação apresentado ao Congresso, para discussão, estabelece uma meta de 7% do PIB para o setor educacional, até 2020. No segmento educacional, são empregadas cerca de 2,5 milhões de pessoas em, aproximadamente, 200 mil instituições. E são atendidas mais de 56 milhões de crianças, jovens e adultos.

Outros estudos têm mostrado que, quanto mais tempo, em média, uma população tem de estudo, maior possibilidade tem de aumentar a produtividade e, em consequência, sua riqueza e a do país. Esta é também a opinião do atual diretor do IPEA, ao comentar os resultados da pesquisa. Diz o Dr. Jorge Abrahão: "A escola forma o cidadão, que terá ampliada sua noção de cidadania e economia. Quanto mais estoque de educação a população tiver, melhores tendem a ser a remuneração e as respostas ao desenvolvimento e ao crescimento. Dependendo de como esse sistema é montado, os pais podem ir trabalhar, sabendo que seus filhos estão seguros dentro do sistema escolar".

E agora, continua o economista, "os pais estão voltando para o sistema, para se qualificarem, fazer uma graduação, pós-graduação e, com isso, ascender na carreira. Ou seja, além de gerar o PIB, hoje, gera uma possibilidade de ampliação do PIB no futuro." Mais recursos para a educação. Essa foi, sempre, uma reivindicação. Mas, para esta ampliação, é absolutamente necessário que os recursos sejam bem aplicados para melhorar a educação brasileira, para que realmente dela decorra, além de maior taxa de retorno para a economia, a melhoria da qualidade de vida, em termos de crescimento pessoal para os que dela se beneficiarem, preparando-os para o mercado de trabalho, dando-lhes instrumentos para viver e conviver na era do conhecimento, da ciência e da tecnologia.

Mais recursos para a educação devem ter em vista o crescimento pessoal e a qualificação profissional dos principais sujeitos do processo – os alunos; a melhoria da formação, dos salários e das condições das escolas onde trabalham os principais agentes da educação – os professores; a capacitação dos gestores das escolas dos sistemas de ensino básico, das instituições de ensino superior para bem aplicarem os recursos e participarem da correta execução da proposta pedagógica das unidades escolares de ensino básico e dos cursos de ensino superior, elementos–chave, para uma educação de qualidade; o acompanhamento da aplicação dos recursos e do processo de ensino-aprendizagem, pelos responsáveis pelos sistemas de ensino municipais e estaduais e pelo sistema de ensino superior. Mais recursos para uma educação de qualidade devem ter também em vista a taxa de retorno para a economia do país que esse investimento proporciona. O desafio está em conciliar crescimento econômico e justiça social.

(Folha Dirigida, 31/03/2011 - Rio de Janeiro RJ - Terezinha Saraiva - Clipping 01.04.2011)